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sexta-feira, 5 de novembro de 2010

O último que sair fecha a porta...por gentileza!

Hoje eu acordei sozinho... mais um dia. Tomo banho, abro a geladeira e só água. Depois de uma noite inteira decidindo em quem eu vou acreditar, no Lula ou na Dilma, chego a convicção de que não há nada melhor... nada melhor do que abrir mão das minhas coisinhas, da vaidade que me prende a ser racional e não passional.
O oba-oba que tende a tomar conta de todas as criancinhas, principalmente as menininhas com a chegada do modelo de president “a”, dos meninos porque vê a mamãe pulando dizendo, Yes We Can! Pois éh, o Obama já não está mais com o We Can dele tão afinado...O país mergulhada em um caos financeiro e econômico, distúrbios sociais, mais o pior é a falta de escolhas; estão ficando sem alternativa para manobras como o caso da emissão de bilhões que o FED promoverá em parcelas até o fim do primeiro semestre de 2011; sem contar com o massacre ocorrido no último pleito onde o Presidente perdeu a maioria no congresso. Com o capital político desgastado assim, a política externa não poderá mais ser unilateral... OK, mais de tudo isso ai o que eu tenho havê parceiro! Bem, primeiro que estamos em um país onde a taxa de juros está nas alturas, e isso favorece a absorção de capital estrangeiro, porque os bilhões de dólares que americanos irão parar necessariamente nos países emergentes que ofereçam as maiores taxa de juros, e esse é o Metiê do Brasil. Ter tarifas competitivas como por exemplo o México que é perto de zero, Colômbia entre outros definitivamente não faz parte dos mais arriscados planos do governo do PT. Meus queridos leitores, resumindo a palhaçada do Ilustríssimo PT, na primeira entrevista, foi explicitar a postura austera do Governo Federal quanto aos juros, a longo prazo fatalmente nós teremos inflação, perca do poder de compra real do nosso din-din internamente... vamos acabar por comprar caças e vender laranjas com descontos de carteirinha de estudante!

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Fugindo do dossiê levando pancada, aliás quem não tiver pecados que atire a primeira pedra!


Se nós rateássemos o país, teríamos muito espaço para grilar nossa reputação, nossos brios, corrupção, política infame, fisiologismo, etc!O que aconteceu ontem no JN não dá pra entender exatamente, porque é difícil acreditar que eles pela primeira vez na história não estão sendo parciais, unilaterais, coisas desse tipo. É foda, mais acreditar que ele apenas investigaram a questão da compra de informações privilegiadas sobre declarações de IR de pessoas do alto escalão do PSDB associando isso a uma facção dentro do partido, ou por um processo de fissão do mesmo é difícil, inda mais se tratando de Belozonti! No mais bixo é uma análise superficial do nosso apartamentinho da zona sul mesmo como diria nosso querido Matias (“in memorium”). Tem tanta merda acontecendo bem debaixo do nosso nariz que não somos capazes de sair do nosso comodismo para defender causas coletivas, mesmo quando elas afetam nossas vidas, ativa ou passivamente.Não quero falar de política, mais hoje em um papo com um amigo do Moro Carioca, indagamos uma questão: Porque será que um país como Japão, ou na Europa, que os caras tem tecnologia nuclear e tudo mais, ele não tem um sistema eleitoral integrado e digital como o nosso? Será que somos tão fodásticos assim? Será que não tem nenhuma treta? Lembra-se dos números da Dilma no último dia antes das eleições do último dia 03? Lembra a diferença entre os números do Ibope e da apuração? O mais legal foi a cara de bosta dos Diretores Nacionais das Agências que registraram as respectivas pesquisas junto ao TSE em Brasília... estavam no programa De Frente com Gabi. Ele perguntou apenas porque tamanha diferença, muito mais dos que as margens de 2 pontos para mais ou para menos. Mais, hááaaa... deixa pra lá veio, tem tanta coisa pra gente se preocupar, tipo de vamos legalizar ou não o aborto, se o cigarrinho Brown vai ser liberado, se o desmatamento vai ser 80% menos ou vai ser zero! Tirando o fato que isso não depende dos presidentes e sim do Congresso,são questões secundárias, porque queremos sangue nas ruas e não morte em casa!

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Desabou um pilar da economia Manauara!

No início da tarde do último domingo as margens do Rio Negro estava parte de um dos pátios de movimentação de carga em plena atividade. Pois éh, não eram casas de ribeirinhos, eram milhões de dólares indo para o fundo do rio e outras flutuando como apologia a corpos metralhados pelos mafiosos e jogados nos portos de Long Island no auge de Capone dos anos 50º. O problema amigo é que não somos Yanques, tão pouco houve assassinato (ao menos doloso não..???)! Nosso problema é que somos brasileirinhos, amazonenses por soberania nacional, e a conta disso tudo vai parar no nosso bolso. OK, a ficha ainda não caiu néh? Vamos lá:
- Nós temos milhões de dólares que estão flutuando em um rio que, ou já apodreceram, ou perderam seu seguro, e, com isso estão impossibilitados de embarcarem pelo menos até segunda ordem. Além disso a remoção da demanda do porto para outro terminal aqui em Manaus gerará um custo enorme, que tem como uma espesse de sobretaxa a carga parada e as que estão travadas. Se tudo isso não bastasse, estamos em uma cidade tipo Manhattan, porém aqui não tem uma cidade com região metropolitana capaz de garantir a sobrevivência dos seus, ou seja, se não vier carne, grãos, Commodity de um modo geral, remédios, etc, pela hidrovia, haverá uma inflação sem precedentes por aqui.
O pior, é que os responsáveis pelo porto não se manifestaram no sentido de agilizar o remanejamento de atracamento para outro porto, porque não querem perder seu “Recolhe”... sem pensar na população. É quase igual ao caso da IMBRA... domingo emblemático não?
Para fechar o paralelo do caos, é só fechar a noite assistindo Tropa II e a sua denúncia aberta ao sistema em que vivemos corrompido em que o Estado de Direito e provimentos das necessidades sociais é absolutamente prostituido pelos mesmos princípios dos interesses pessoais que se sobrepõe aos sociais ou coletivos.
E ainda estamos pensando em quem votar... RSS
Depois demagogos são eles...
Abraços a todos, que o trabalho aqui continua em mais um dia de sol e sal!


Luiz Fernando de Camargo Alves

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Mais um dia em Manaus, com Internet sem conexão... To no Sal!


Até para minha esposa acreditar foi difícil, não que eu não inspire confiança, mais no mundo em que vivemos, uma cidade com mais de 1 milhão de habitantes tem internet proporcional a demanda a ponto de satisfazer a necessidade do 2º país do mundo que mais acessa a internet.

Pois éh, estou me sentindo um marciano, e não daqueles verdinhos(apesar de estar na Amazônia) mais dos torradinhos pelo calor tropical amazônico.

Em uma cidade enorme como essa(recapitulando, estou em Manaus) que pretende ser uma das sedes da próxima Copa do Mundo de 2014, a questão da internet é prioritária... não acha?

Bem, o comitê que foi formado para gerir as questões logísticas e de infra-estrutura dizem que sem uma melhoria significativa na provisão e distribuição da internet, é impossível sonhar com a possibilidade de Copa em Manaus.

Entendo claro que não é só uma questão que diz respeito ao governo, e sim em sua grande parcela de responsabilidade a Embratel, provedora da infra-estrutura do sinal digital, que apenas por estar em uma ilha a cidade não pode receber mais investimentos nesta área.

sábado, 9 de outubro de 2010

Podia ter nascido amanhã!

O castigo que nos cerca todos os dias tem haver mais com o que deixamos de fazer do que as coisas ou os males que fizemos. Das duas uma, ou nós somos excepcionais em tudo que fazemos (inclusive somos bons em “viver”) ou arrogantes de mais para admitirmos o contrário. Mais a questão aqui não é o passado e sim o futuro. Em uma semana onde foi apresentada ao mundo pernas andróide, temos a falsa impressão de que a ciência e tecnologia vão nos ajudar a passar pelos problemas que a vida apresenta para nós todos os dias como um pseudo paraíso! O problema é que o paraíso fica no céu, e pra chegar lá não seriam pernas e sim asas... Nossas questões morrem mesmo antes de nós digerirmos, que indigesto! Pensarmos que sabemos tudo do nosso passado é a certeza que nós conseguimos administrar. Doce ilusão... Tecnicamente não nos recordamos nem de 10% do que vivemos, e naquilo que conseguimos pescar na memória, falta a nós um olhar maduro para aceitar todas as trapalhadas que vivemos ativa ou passivamente. O que nos incomoda mesmo, é que a medida que o tempo vai passando percebemos de uma forma muito clara e assustadora que o mais tangível da nossa vida é insólito perto do que nos é proposto todos os dias pela esperança dela! Não ansiamos pela morte (pelo menos não todos os dias) e vivemos fugindo dela, a questão é que o tempo agora nos traz incertezas sobre se estamos vivos ou não, sobretudo quando nosso referencial está atrelado a nossa mente. De volta para o futuro é quando percebemos que estamos rindo da vida como se estivéssemos vivos, achando que somos felizes, que temos objetivos e que descobrimos os segredos do tempo... Verdadeiramente estamos mortos nos nossos próprios pecados e delitos, e mais, além de não enxergarmos nada a nossa frente, o presente já nos sufoca... Mais e o pudor de ser simples, feliz vivendo o hoje, dia-a-dia... Quem o inventou? Certamente não era ninguém conhecido porque morreu e foi esquecido. Se tivesse inventado o amor seria eterno e famoso como Deus!

Por Luiz Fernando de Camargo Alves

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Preparados? Quem, nós ou eles?

Estou aqui em mais uma madrugada!
Ok, essa tem um sabor diferente... é quase um Martine com azeitonas pretas... a alegria não está completa. Em meio a políticos que cairam de joelhos e foram massacrados pelo peso de suas próprias vaidades, os ancoras dos Programas Eleitorais das próximas excitantes noites do mês de outubro disseram sempre estarem preparados para o cargo e tal... e nós estamos preparados para elege-los?

Existem questões que por momentos fogem ao nosso dia-dia, como por exemplo aprofundamento ou detalhamento dos projetos, como disseram Serra e Dilma (respectivamente). Mas como vamos destrinchar("eu") coisas que nem mesmo foram a nós apresentadas?

Em todos os famigerados debates o lábaro que ostentaram não estava tão estralado assim... meus queridos se olharmos para traz, veremos 2 personagens maquiados e figurinados pelas máquinas administrativas de São Paulo e do Planalto, capazes de contratar marqueteiros que dizem ter em seus pais o Gurú porque as mãe ja sofreram pela boca de seus amigos!!

Ou nós aprendemos a ver nas entrelinhas e nos preparamos melhor para o voto, ou vamos encolher um número com se fosse jogo do bixo, sem olhar para a cadeia alimentar em que eles estão inseridos!

Bom dia a todos, que eu preciso descansar, antes que eu tenha pesadelos também dormindo!


Luiz Fernando de Camargo Alves

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Para Conhecimento e reflexão!

Marcos 12:24 “Errais por não conhecer as escrituras”

­­o cirurgião Irani Rosique não é apóstolo, bispo, presbítero nem pastor. É apenas um cirurgião geral de 49 anos em Ariquemes, cidade de 80 mil habitantes do interior de Rondônia. No alpendre da casa de uma amiga professora, ele se prepara para falar. Cercado por conhecidos, vizinhos e parentes da anfitriã, por 15 minutos Rosique conversa sobre o salmo primeiro (“Bem-aventurado o homem que não anda segundo o conselho dos ímpios”). Depois, o grupo de umas 15 pessoas ora pela última vez – como já havia orado e cantado por cerca de meia hora antes – e então parte para o tradicional chá com bolachas, regado a conversa animada e íntima.
Desde que se converteu ao cristianismo evangélico, durante uma aula de inglês em Goiânia em 1969, Rosique pratica sua fé assim, em pequenos grupos de oração, comunhão e estudo da Bíblia. Com o passar do tempo, esses grupos cresceram e se multiplicaram. Hoje, são 262 espalhados por Ariquemes, reunindo cerca de 2.500 pessoas, organizadas por 11 “supervisores”, Rosique entre eles. São professores, médicos, enfermeiros, pecuaristas, nutricionistas, com uma única característica comum: são crentes mais experientes.
Apesar de jamais ter participado de uma igreja nos moldes tradicionais, Rosique é hoje uma referência entre líderes religiosos de todo o Brasil, mesmo os mais tradicionais. Recebe convites para falar sobre sua visão descomplicada de comunidade cristã, vindos de igrejas que há 20 anos não lhe responderiam um telefonema. Ele pode ser visto como um “símbolo” do período de transição que a igreja evangélica brasileira atravessa. Um tempo em que ritos, doutrinas, tradições, dogmas, jargões e hierarquias estão sob profundo processo de revisão, apontando para uma relação com o Divino muito diferente daquela divulgada nos horários pagos da TV.
­­Estima-se que haja cerca de 46 milhões de evangélicos no Brasil. Seu crescimento foi seis vezes maior do que a população total desde 1960, quando havia menos de 3 milhões de fiéis espalhados principalmente entre as igrejas conhecidas como históricas (batistas, luteranos, presbiterianos e metodistas). Na década de 1960, a hegemonia passou para as mãos dos pentecostais, que davam ênfase em curas e milagres nos cultos de igrejas como Assembleia de Deus, Congregação Cristã no Brasil e O Brasil Para Cristo.
A grande explosão numérica evangélica deu-se na década de 1980, com o surgimento das denominações neopentecostais, como a Igreja Universal do Reino de Deus e a Renascer. Elas tiraram do pentecostalismo a rigidez de costumes e a ele adicionaram a “teologia da prosperidade”. Há quem aposte que até 2020 metade dos brasileiros professará à fé evangélica.
Dentro do próprio meio, levantam-se vozes críticas a esse crescimento. Segundo elas, esse modelo de igreja, que prospera em meio a acusações de evasão de divisas, tráfico de armas e formação de quadrilha, tem sido mais influenciado pela sociedade de consumo que pelos ensinamentos da Bíblia. “O movimento evangélico está visceralmente em colapso”, afirma o pastor Ricardo Gondim, da igreja Betesda, autor de livros como Eu creio, mas tenho dúvidas: a graça de Deus e nossas frágeis certezas (Editora Ultimato). “Estamos vivendo um momento de mudança de paradigmas. Ainda não temos as respostas, mas as inquietações estão postas, talvez para ser respondidas somente no futuro.”
­­Nos Estados Unidos, a reinvenção da igreja evangélica está em curso há tempos. A igreja Willow Creek de Chicago trabalhava sob o mote de ser “uma igreja para quem não gosta de igreja” desde o início dos anos 1970. Em São Paulo, 20 anos depois, o pastor Ed René Kivitz adotou o lema para sua Igreja Batista, no bairro da Água Branca – e a ele adicionou o complemento “e uma igreja para pessoas de quem a igreja não costuma gostar”. Kivitz é atualmente um dos mais discutidos pensadores do movimento protestante no Brasil e um dos principais críticos da“religiosidade institucionalizada”. Durante seu pronunciamento num evento para líderes religiosos no final de 2009, Kivitz afirmou: “Esta igreja que está na mídia está morrendo pela boca, então que morra. Meu compromisso é com a multidão agonizante, e não com esta igreja evangélica brasileira.”
Essa espécie de “nova reforma protestante” não é um movimento coordenado ou orquestrado por alguma liderança central. Ela é resultado de manifestações espontâneas, que mantêm a diversidade entre as várias diferenças teológicas, culturais e denominacionais de seus ideólogos. Mas alguns pontos são comuns. O maior deles é a busca pelo papel reservado à religião cristã no mundo atual. Um desafio não muito diferente do que se impõe a bancos, escolas, sistemas políticos e todas as instituições que vieram da modernidade com a credibilidade arranhada. “As instituições estão todas sub judice”, diz o teólogo Ricardo Quadros Gouveia, professor da Universidade Mackenzie de São Paulo e pastor da Igreja Presbiteriana do Bairro do Limão. “Ninguém tem dúvida de que espiritualidade é uma coisa boa ou que educação é uma coisa boa, mas as instituições que as representam estão sob suspeita.”
“EVANGELIQUÊS”
­­Uma das saídas propostas por esses pensadores é despir tanto quanto possível os ensinamentos cristãos de todo aparato institucional. Segundo eles, a igreja protestante (ao menos sua face mais espalhafatosa e conhecida) chegou ao novo milênio tão encharcada de dogmas, tradicionalismos, corrupção e misticismo quanto a Igreja Católica que Martinho Lutero tentou reformar no século XVI. “Acabamos nos perdendo no linguajar ‘evangeliquês’, no moralismo, no formalismo, e deixamos de oferecer respostas para nossa sociedade”, afirma o pastor Miguel Uchôa, da Paróquia Anglicana Espírito Santo, em Jaboatão dos Guararapes, Grande Recife. “É difícil para qualquer pessoa esclarecida conviver com tanto formalismo e tão pouco conteúdo.”
Uchôa lidera a maior comunidade anglicana da América Latina. Seu trabalho é reconhecido por toda a cúpula da denominação como um dos mais dinâmicos do país. Ele é um dos grandes entusiastas do movimento inglês Fresh Expressions, cujo mote é “uma igreja mutante para um mundo mutante”. Seu trabalho é orientar grupos cristãos que se reúnem em cafés, museus, praias ou pistas de skate. De maneira genérica, esses grupos são chamados de “igreja emergente” desde o final da década de 1990. “O importante não é a forma”, afirma Uchôa. “É buscar a essência da espiritualidade cristã, que acabou diluída ao longo dos anos, porque as formas e hierarquias passaram a ser usadas para manipular pessoas. É contra isso que estamos nos levantando.”
No meio dessa busca pela essência da fé cristã, muitas das práticas e discursos que eram característica dos evangélicos começaram a ser considerados dispensáveis. Às vezes, até condenáveis. Em Campinas, no interior de São Paulo, ocorre uma das experiências mais interessantes de recriação de estruturas entre as denominações históricas. A Comunidade Presbiteriana Chácara Primavera não tem um templo. Seus frequentadores se reúnem em dois salões anexos a grandes condomínios da cidade e em casas ao longo da semana. Aboliram a entrega de dízimos e as ofertas da liturgia. Os interessados em contribuir devem procurar a secretaria e fazê-lo por depósito bancário – e esperar em casa um relatório de gastos. Os sermões são chamados, apropriadamente, de “palestras” e são ministrados com recursos multimídias por um palestrante sentado em um banquinho atrás de um MacBook. A meditação bíblica dominical é comumente ilustrada por uma crônica de Luis Fernando Verissimo ou uma música de Chico Buarque de Hollanda.
­­“Os seminários teológicos formam ministros para um Brasil rural em que os trabalhos são de carteira assinada, as famílias são papai, mamãe, filhinhos e os pastores são pessoas respeitadas”, diz Ricardo Agreste, pastor da Comunidade e autor dos livros Igreja? Tô fora e A jornada (ambos lançados pela Editora Socep). “O risco disso é passar a vida oferecendo respostas a perguntas que ninguém mais nos faz. Há muita gente séria, claro, dizendo verdades bíblicas, mas presas a um formato ultrapassado.”
DINHEIRO E MANIPULAÇÃO
Outro ponto em comum entre esses questionadores é o rompimento declarado com a face mais visível dos protestantes brasileiros: os neopentecostais. “É lisonjeador saber que atraímos gente com formação universitária e que nos consideram ‘pensadores’”, afirma Ricardo Agreste. “O grande problema dos evangélicos brasileiros não é de inteligência, é de ética e honestidade.” Segundo ele, a velha discussão doutrinária foi substituída por outra. “Não é mais uma questão de pensar de formas diferentes a espiritualidade cristã”, diz. “Trata-se de entender que há gente usando vocabulário e elementos de prática cristã para ganhar dinheiro e manipular pessoas.”
­­Esse rompimento da cordialidade entre os evangélicos históricos e os neopentecostais veio a público na forma de livros e artigos. A jornalista (evangélica) Marília Camargo César publicou no final de 2008 o livro Feridos em nome de Deus (Editora Mundo Cristão), sobre fiéis decepcionados com a religião por causa de abusos de pastores. O teólogo Augustus Nicodemus Lopes, chanceler da Universidade Presbiteriana Mackenzie, publicou O que estão fazendo com a Igreja: ascensão e queda do movimento evangélico brasileiro (Mundo Cristão), retrato desolador de uma geração cindida entre o liberalismo teológico, os truques de marketing, o culto à personalidade e o esquerdismo político. Em um recente artigo, o presidente do Centro Apologético Cristão de Pesquisas, João Flavio Martinez, definiu como “macumba para evangélico” as práticas místicas da Igreja Universal do Reino de Deus, como banho de descarrego e sabonete com extrato de arruda.
Tais críticas, até pouco tempo atrás, ficavam restritas aos bastidores teológicos e às discussões internas nas igrejas. Livros mais antigos – como Supercrentes, Evangélicos em crise, Como ser cristão sem ser religioso e O evangelho maltrapilho (todos da editora Mundo Cristão) – eram experiências isoladas, às vezes recebidos pelos fiéis como desagregadores.
­­“Parece que a sociedade se fartou de tanto escândalo e passou a dar ouvidos a quem já levantava essas questões há tempos”, diz Mark Carpenter, diretor-geral da Mundo Cristão.
O pastor Kivitz – que publicou pela Mundo Cristão seus livros Outra espiritualidade e O livro mais mal-humorado da Bíblia – distingue essa crítica interna daquela feita pela mídia tradicional aos neopentecostais “A mídia trata os evangélicos como um fenômeno social e cultural. Para fazer uma crítica assim, basta ter um pouco de bom-senso. Essa crítica o (programa) CQC já faz, porque essa igreja é mesmo um escracho”, diz ele. “Eu faço uma crítica diferente, visceral, passional, porque eu sou evangélico. E não sou isso que está na televisão, nas páginas policiais dos jornais. A gente fica sem dormir, a gente sofre e chora esse fenômeno religioso que pretende ser rotulado de cristianismo.”
REUNIÕES INFORMAIS
A necessidade de se distinguir dos neopentecostais também levou essas igrejas a reconsiderar uma série de práticas e até seu vocabulário. Pastores e “leigos” passam a ocupar o mesmo nível hierárquico, e não há espaço para “ungidos” em especial. Grandes e imponentes catedrais e “cultos shows” dão lugar a reuniões informais, em pequenos grupos, nas casas, onde os líderes podem ser questionados, e as relações são mais próximas. O vocabulário herdado da teologia triunfalista do Antigo Testamento (vitória, vingança, peleja, guerra, maldição) é reconsiderado.
­­Para superar o desgaste dos termos, algumas igrejas preferem ser chamadas de “comunidades”, os cultos são anunciados como “reuniões” ou “celebrações” e até a palavra “evangélico” tem sido preterida em favor de “cristão” – o termo mais radical. Nem todo mundo concorda, evidentemente. “Eles (os neopentecostais) é que não deveriam ser chamados de evangélicos”, afirma o bispo anglicano Robinson Cavalcanti, da Diocese do Recife. “Eles é que não têm laços históricos, teológicos ou éticos com os evangélicos.”
Um dos maiores estudiosos do fenômeno evangélico no Brasil, o sociólogo Ricardo Mariano (PUC-RS), vê como natural o embate entre neopentecostais e as lideranças de igrejas históricas. Ele lembra que, desde o final da década de 1980, quando o neopentecostalismo ganhou força no Brasil, os líderes das igrejas históricas se levantaram para desqualificar o movimento. “O problema é que não há nenhum órgão que regule ou fale em nome de todos os evangélicos, então ninguém tem autoridade para dizer o que é uma legítima igreja evangélica”, afirma.
­­Procurado por "Época", Geraldo Tenuta, o Bispo Gê, presidente nacional da Igreja Renascer em Cristo, preferiu não entrar em discussões. “Jesus nos ensinou a não irmos contra aqueles que pregam o evangelho, a despeito de suas atitudes”, diz ele. “Desde o início, éramos acusados disto ou daquilo, primeiro porque admitíamos rock no altar, depois porque não tínhamos usos e costumes. Isso não nos preocupa. O que não é de Deus vai desaparecer, e não será por obra dos julgamentos.” A Igreja Universal do Reino de Deus – que, na terceira semana de julho, anunciou a construção de uma “réplica do Templo de Salomão” em São Paulo, com “pedras trazidas de Israel” e “maior do que a Catedral da Sé” – também foi procurada por ÉPOCA para comentar os movimentos emergentes e as críticas dirigidas à igreja. Por meio de sua assessoria, o bispo Edir Macedo enviou um e-mail com as palavras: “Sem resposta”.
CONSCIÊNCIA DO FIEL
­­O sociólogo Ricardo Mariano, autor do livro Neopentecostais: sociologia do novo pentecostalismo no Brasil (Editora Loyola), oferece uma explicação pragmática para a ruptura proposta pelo novo discurso evangélico. Ateu, ele afirma que o objetivo é a busca por uma certa elite intelectual, um público mais bem informado, universitário, mais culto que os telespectadores que enchem as igrejas populares. “Vivemos uma época em que o paciente pesquisa na internet antes de ir ao consultório e é capaz de discutir com o médico, questionar o professor”, diz. “Num ambiente assim, não tem como o pastor proibir nada. Ele joga para a consciência do fiel.”
A maior parte da movimentação crítica no meio evangélico acontece nas grandes cidades. O próprio pastor Kivitz afirma que “talvez não agisse da mesma forma se estivesse servindo alguma comunidade em um rincão do interior” e que o diálogo livre entre púlpito e auditório passa, necessariamente, por uma identificação cultural. “As pessoas não querem dogmas, elas querem honestidade”, diz ele. “As dúvidas delas são as minhas dúvidas. Minha postura é, juntos, buscarmos respostas satisfatórias a nossas inquietações.”
Por isso mesmo, Ricardo Mariano não vê comparação entre o apelo das novas igrejas protestantes e das neopentecostais. “O destino desses líderes será ‘pescar no aquário’, atraindo insatisfeitos vindos de outras igrejas, ou continuar falando para meia dúzia de pessoas”, diz ele. De acordo com o presbiteriano Ricardo Gouveia, “não há, ou não deveria haver, preocupação mercadológica” entre as igrejas históricas. “Não se trata de um produto a oferecer, que precise ocupar espaço no mercado”, diz ele. “Nossa preocupação é simplesmente anunciar o evangelho, e não tentar ‘melhorá-lo’ ou torná-lo mais interessante ou vendável.”
ADVENTO DA INTERNET
­­O advento da internet foi fundamental para pastores, seminaristas, músicos, líderes religiosos e leigos decidirem criar seus próprios sites, portais, comunidades e blogs. Um vídeo transmitido pela Igreja Universal em Portugal divulgando o Contrato da fé – um “documento”, “autenticado” pelos pastores, prometendo ao fiel a possibilidade de se “associar com Deus e ter de Deus os benefícios” – propagou-se pela rede, angariando toda sorte de comentários.
Outro vídeo, em que o pregador americano Moris Cerullo, no programa do pastor Silas Malafaia, prometia uma “unção financeira dos últimos dias” em troca de quem “semear” um “compromisso” de R$ 900 também bombou na rede. Uma cópia da sentença do juiz federal Fausto De Sanctis condenando os líderes da Renascer Estevam e Sônia Hernandes por evasão de divisas circulou no final de 2009. De Sanctis afirmava que o casal “não se lastreia na preservação de valores de ética ou correção, apesar de professarem o evangelho”. “Vergonha alheia em doses quase insuportáveis” foi o comentário mais ameno entre os internautas.
­­Sites como Pavablog , Veshame Gospel, Irmãos.com , Púlpito Cristão , Caiofabio.net ou Cristianismo Criativo fazem circular vídeos, palestras e sermões e debatem doutrinas e notícias com alto nível de ousadia e autocrítica. De um grupo de blogueiros paulistanos, surgiu a ideia da Marcha pela ética, um protesto que ocorre há dois anos dentro da Marcha para Jesus (evento organizado pela Renascer). Vestidos de preto, jovens carregam faixas com textos bíblicos e frases como “O $how tem que parar” e “Jesus não está aqui, ele está nas favelas”.
A maior parte desses blogueiros trafega entre assuntos tão diversos como teologia, política, televisão, cinema e música popular. O trânsito entre o “secular” e o “sagrado” é uma das características mais fortes desses novos evangélicos. “A espiritualidade cristã sempre teve a missão de resgatar a pessoa e fazê-la interagir e transformar a sociedade”, diz Ricardo Agreste. “Rompemos o ostracismo da igreja histórica tradicional, entramos em diálogo com a cultura e com os ícones e pensamento dessa cultura e estamos refletindo sobre tudo isso.”
­­Em São Paulo, o capelão Valter Ravara (na foto, com Marina Silva) criou o Instituto Gênesis 1.28, uma organização que ministra cursos de conscientização ambiental em igrejas, escolas e centros comunitários. “É a proposta de Jesus, materializar o amor ao próximo no dia a dia”, afirma Ravara. “O homem sem Deus joga papel no chão? O cristão não deve jogar.” Ravara publicou em 2008 a Bíblia verde, com laminação biodegradável, papel de reflorestamento e encarte com textos sobre sustentabilidade.
MARINA SILVA
A então ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, escreveu o prefácio da Bíblia verde. Sua candidatura à Presidência da República angariou simpatia de blogueiros e tuiteiros, mas não o apoio formal da Assembleia de Deus, denominação a que ela pertence. A separação entre política e religião pregada por Marina é vista como um marco da nova inserção social evangélica. O vereador paulistano e evangélico Carlos Bezerra Jr. afirma que o dever do político cristão é “expressar o Reino de Deus” dentro da política. “É o oposto do que fazem as bancadas evangélicas no Congresso, que existem para conseguir facilidades para sua denominação e sustentar impérios eclesiásticos”, diz ele.
­­O raciocínio antissectário se espalhou para a música. Nomes como Palavrantiga, Crombie, Tanlan, Eduardo Mano, Helvio Sodré e Lucas Souza se definem apenas como “música feita por cristãos”, não mais como “gospel”. Eles rompem os limites entre os mercados evangélico e pop. O antissectarismo torna os evangélicos mais sensíveis a ações sociais, das parcerias com ONGs até uma comunidade funcionando em plena Cracolândia, no centro de São Paulo. “No fundo, nossa proposta é a mesma dos reformadores”, diz o presbiteriano Ricardo Gouveia. “É perceber o cristianismo como algo feito para viver na vida cotidiana, no nosso trabalho, na nossa cidadania, no nosso comportamento ético, e não dentro das quatro paredes de um templo.”
A teologia chama de “cristocêntrico” o movimento empreendido por esses crentes que tentam tirar o cristianismo das mãos da estrutura da igreja – visão conhecida como “eclesiocêntrica” – e devolvê-lo para a imaterialidade das coisas do espírito. É uma versão brasileiramente mais modesta do que a Igreja Católica viveu nos tempos da Reforma Protestante. Desta vez, porém, dirigida para a própria igreja protestante. Depois de tantos desvios, vozes internas levantaram-se para propor uma nova forma de enxergar o mundo. E, como efeito, de ser enxergadas por ele. Nas palavras do pastor Kivitz: “Marx e Freud nos convenceram de que, se alguém tem fé, só pode ser um estúpido infantil que espera que um Papai do Céu possa lhe suprir as carências. Mas hoje gostaríamos de dizer que o cristianismo tem, sim, espaço para contribuir com a construção de uma alternativa para a civilização que está aí. Uma sociedade que todo mundo espera, não apenas aqueles que buscam uma experiência religiosa”.
Fonte: Revista "Época" -Por Ricardo Alexandre

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Administrar pra que?

Ideas for life, já dizia a Panasonic, ou o mundo vive de idéias diz o canal Futura, enfim. Interessante como a gente fica com essa idéia de que a qualidade das idéias, ou a profundidade com a qual nós conseguimos desenvolver é teoricamente a solução para os nossos anseios. O problema é que quanto mais nós vivemos, percebemos que o mundo infelizmente (que o canal futura me perdoe) não é feito de boas idéias, e sim de boas atitudes!
Acho interessante por exemplo tanta discussão em cima da tal da ficha limpa... ela é um exemplo contemporâneo de que boas idéias não são suficientes para solucionar os nosso problemas. O tal da lei que regulamenta a tal da emenda constitucional é na verdade um instrumento para ajustar a lei aos interesses não do foro social, mais dos indivíduos, candidatos políticos, que não podem ser encaixados no tal dispositivo legal uma vez que suas vidas (e a pele deles) dependem disso. Trocando em miúdos, se a lei ficasse com o texto original, sem passagem pela comissão de “sem ética” do governo, nós teria-mos mais de 75% dos políticos sem possibilidade de concorrer as eleições, o que seria para nós um alívio muito grande, e até facilitaria nosso processo de escolha.
Mais o problema é exatamente a dificuldade que estamos enfrentando em nosso tempo de pensar... não porque as pessoas estão perdendo capacidade “cefálica”, mais estamos com um excesso de preguiça para pensar, para estudar e disposição para sermos mais críticos e menos passivos a realidade que diariamente nos é imposta lá fora.
Nesse ambiente todo, nós administradores de famílias, igrejas, empresas, “CEP”, etc, pensamos em tudo isso enquanto tomamos nosso “pingado” com aquele pãozinho e saímos para trabalhar sem nem mesmo nos indignarmos, porque só conseguimos pensar nisso, mais não pensamos no como chegamos a agir!